Notícia publicada no Jornal de Notícias a 3 de Maio de 2025
Jacintos aproveitados para fertilizar campos
Projeto que está a ser coordenado pelo Politécnico de Bragança tem ensaios a decorrer em várias culturas
Há um projeto que está a tentar aproveitar os jacintos-de-água, uma espécie invasora que cobre cursos de água em várias zonas do país, dificultando a sobrevivência de peixes e outras espécies. A ideia é que se torne um recurso agrícola e a fertilizar campos pobres em matéria orgânica. O BioComp 3.0, que fica concluído em setembro, está a tentar “dar valor àquilo que agora é um problema”, explica Manuel Rodrigues, do Instituto Politécnico de Bragança, a propósito do projeto que procura dar resposta à baixa fertilidade dos solos, à gestão eficiente de resíduos orgânicos e à falta de soluções economicamente viáveis e seguras para o controlo eficaz de plantas exóticas invasoras aquáticas, nomeadamente o jacinto-de-água.
Segundo Manuel Rodrigues, as “autoridades estão a retirar grandes quantidades desta biomassa fora dos cursos de água e é depositada nas margens”. Daí surgiu a ideia de lhe dar “destino”, promovendo a economia circular e aproveitando este material para criar composto para usar na agricultura. As plantações que servem de matéria-prima provêm da zona do Vale do Mondego e da Retafe de Fernandaires, em Aguiar, seguindo para a empresa Leal & Soares, em Mira, onde se produz o fertilizante.
Os jacintos, explica o coordenador do projeto, não podem ser usados diretamente na agricultura, têm de “entrar num processo de compostagem para se obter um fertilizante orgânico com valor agrícola, sem perigo”, pelo que a planta tem sido adicionada aos outros materiais orgânicos existentes na região, nomeadamente os bagaços das atividades florestais e a glicerina do biodiesel. Depois disso, o fertilizante é testado em várias culturas agrícolas.
RECURSO A DRONES
Em simultâneo, os investigadores recorreram a drones e imagens de satélite para fazer monitorizações, identificando “dinâmicas espaciais dos jacintos”, ou seja, quando e onde ele está a desenvolver mais. O BioComp 3.0, dispõe de 884 mil euros no fundo europeu e nacionais, envolvem a empresa Coisa Generosa, os Politécnicos de Bragança e Coimbra, a Universidade da Madeira, Confederação Nacional da Agricultura, Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências, Leal & Soares, FG – Formação Gestão e Desenvolvimento Rural, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa e as empresas Carla SoM, Hélio Semião Maçôas, João Manuel Hilário Palma e Plásticos Silvex.
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Fonte: Jornal de Notícias
